19 de maio de 2008

Azul Celeste e Vermelho Morte (Santa Isabel)

Sento-me sentado e sou assim
Escolho-me e escondo o mim
Deito-me deitado a contemplar
Vejo o tecto a me espelhar
É vazio e vácuo, é triste e feliz
É uma confusão que eu quis
Deixo a criação para o pensamento
E a agitação para o momento
E quando a monotonia se instala
O terror aceita e faz a mala
Deixo-me aqui, não sei onde
Procuro-me, nada se esconde
Excito-me na realidade crua
Enquanto te imagino nua
Demasiada saturação
Corre debaixo da ponte
São águas, nada são
E tudo anda a monte
Isto é sensação corrida
E plastificação espremida
São rosas senhor
Vermelho é a sua cor
É determinada a vontade
Limitada a verdade
Sou o gesto que decorre
A gota de sangue que escorre
Na vermelha praça
E cai no cristal da taça
Que alguém há-de beber
Para não morrer
Sou fonte de vida e vampirismo
Destruo e crio o feudalismo
Sim, são só rosas senhor
Com elas revelo o meu amor
E de homem que sou
Vivo da felicidade de quem me amou
Sou somente um vampiro
Que morre a cada suspiro
Dirijo um cemitério de raparigas
Algumas delas só amigas
Outras amantes
Mortas momentos antes
De um momento de glória
O momento antes da história
É vermelho o meu mostruário
São vermelhos os seus sudários
Nada é morte, tudo é criação
Tudo é sorte, tudo é rotação
Como roda esta nave celeste
Que nos põe a teste
Azul celeste...

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