18 de abril de 2012


Lá fora cai chuva, e poupo desde já a metáfora;
Não cai como cá, cai, sei lá, como caiu tanta vez.
Importa perguntar o que cai cá, porque é indefinido,
É uma espécie de viagem, de diáspora;
Vai  à bolina, cai sem se mexer, cai com  altivez,
Estatela-se disforme formando um finito sustenido... som.
Se cai num baque, depressa se levanta e apruma o fraque.
Pigarreia e recompõe, que a chuva quando cai não tem tom,
Suprime-se opressora da sua individualidade,
Desvanece-se no conjunto que forma a sua totalidade
Indivisível, una e unidireccional -
Aguarda que o vento a sopre, como a soprou outra vez
Ciclica e quase igual, variando na intensidade
Com que cai, cai, aqui e ali, em surdina mas sem surdez.

17 de abril de 2012

A ausência de transparência é virtude travestida de violência;
Um apagar de marejar, e sempre a sarnar o fundo da cabeça, qual pestilência
Que coça, que manieta a consciência - condiciona e denota formoso perfume
Mascarado de queixume, Sempre, sempre, sempre em repetição.
A ti te nomeio, maldição.

É auto imposto, refilo acusatório!
São interrogações em monólogo e num tom interrogatório,
Defino estratégias de um prólogo: algo indefinido e etéreo que não consigo precisar
Que ecoa na cabeça em estéreo e que nunca acaba de começar.
A ti te denomino de confusão.

Reinvento-te! Revejo-te e recrio-te,
Como se a imposição de um prefixo não fosse mais do que um crucifixo
Uma carga que estou habituado a carregar, e assim desisto!
Alegremente, assobiando pró lado, espécie de refluxo em sufixo
Até que reapareces, sempre uma espécie de imprevisto…
Por fim te chamo desilusão.