18 de abril de 2012


Lá fora cai chuva, e poupo desde já a metáfora;
Não cai como cá, cai, sei lá, como caiu tanta vez.
Importa perguntar o que cai cá, porque é indefinido,
É uma espécie de viagem, de diáspora;
Vai  à bolina, cai sem se mexer, cai com  altivez,
Estatela-se disforme formando um finito sustenido... som.
Se cai num baque, depressa se levanta e apruma o fraque.
Pigarreia e recompõe, que a chuva quando cai não tem tom,
Suprime-se opressora da sua individualidade,
Desvanece-se no conjunto que forma a sua totalidade
Indivisível, una e unidireccional -
Aguarda que o vento a sopre, como a soprou outra vez
Ciclica e quase igual, variando na intensidade
Com que cai, cai, aqui e ali, em surdina mas sem surdez.

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