2 de maio de 2008

O deserto

Cítaras a tocar
Encantam o ar
Amarelo o matiz
A cor do deserto
Azul feliz
A cor do céu desperto
A areia em turbilhão
Bóia na minha mão
E em convalescença
O sol arde descrença
São fúnebres os ruídos
Ecos de tempos idos
O som de melodias
Esquecidas nos dias
Que se afundaram
Na areias do mundo
São memórias passadas
Num buraco sem fundo
Decresce a luminosidade
Despe-se a realidade
E nos seus mantos
De matizes brancos
Veste-se a lua
Transparente vai nua
A sua luz é tua
No firmamento
Brilham pontos de fogo
E num momento
Desesperam em sufoco
Sorriem e voltam a brilhar
São os teus olhos
Que me querem consolar
E na palma da tua mão
Vejo batendo em solidão
O pulsar da imensidão
Em suspiros de ventania
São murmúrios de outro dia
Que se anuncia
E na claridade
Vejo a verdade
Da beleza escondida
Como se fosse retida
Por um pudor
Deveras ameaçador
O mundo de imaginação
Sustêm a respiração
Porque no deserto
E nas suas dunas
Vê um livro aberto
E suas runas
E no teu corpo
Ainda meio absorto
Encontra a serenidade
Que lhe dá paz

(para a Márcia)

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